segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Como anda a Superglue

Os sonhos estão sendo bem colados, admito. Com dificuldade eles voltarão ao projeto com algumas (in) felizes (?) modificações. Díficil? Não está fácil mesmo!
Mas quem disse que a vida é fácil?
Tudo mais dói, tudo mais deprime e destrói. Os sonhos giram em torno da razão do meu viver e do viver da minha razão. Ela. Obrigado por existir, obrigado! Porque senão... quem sabe?
Quem disse que temos que estar vivos o tempo todo, aliás?
Se Deus existe alguém diz a ele como é mal por termos que ficar vivos o tempo todo. Alguém bem burro, um espírita, por exemplo. E as punições para toda essa blasfêmia, põe na conta do papa.

Por isso este é o conto de um suicida, porque raios ninguém nunca escreveu nem disse algo bom sobre isso. Ele se chama:

"O conto de um suicida, porque raios ninguém nunca escreveu nem disse algo bom sobre isso"

Feliz? Ele só queria mesmo ser feliz. Se ele tinha alguém na vida, se amava alguém, ou se era tão mesquinho para isso, não importa; estamos aqui pra falar da morte de Joanne Lou, que nunca conseguiu saber se era feliz, quem era realmente, o que queria realmente, se amava alguém, se se importava com algo ou alguém, e tinha todos os conflitos existências em sua cabeça e o sentimento de deslocamento que só alguém que se importa em ler coisas como essas tem. E a pergunta: Temos sempre que estar vivos?
Será que eu não posso ao menos estar sempre morto? Será que um maldito deus vai me fazer mesmo viver pra ver se mereço o reino dos céus?
Ok, pois ele vai ver! Ah, vai.
Joanne Lou tomou todos os remédios que encontrou em sua gavetinha maravilhosa, todos mesmo, dentro de alguns minutos ou ele estaria curado de todos os seus males ou estaria passando tão mal que se forçaria a vomitar até as tripas. E também para que nenhum imbecil o achasse e lhe salvasse a tempo de uma lavagem estomacal ele se sentou na janela de sua sala, de seu apartamento, no décimo andar. Ele estava grogue dentro de cinco minutos, seu estômago estivera vazio o dia inteiro. Ele se segurou até quando pode, mas por fim ele adormeceu e caiu. Ele achou que isso seria realmente lindo... E foi. Ele caiu e rachou o crânio e quebrou tudo o que tinha direito. E deixou uma poça de sangue que não sairia tão fácil.

E sim, fez isso às três da madrugada. No térreo não havia nenhum apartamento, apenas uma espécie de hall de entrada, bem pequeno, só tinha a porta de entrada para o elevador e para a escadaria. Era um condomínio. A portaria era bem mais pra frente, o bloco onde Joanne morava pouco importa. O que importa é que ninguém ouviu o baque do corpo. O que importa é que era segunda feira, portanto, não havia nenhum morador voltando de uma noitada ou algo assim pra ver nada. Todos dormiam a espera de seu maldito próximo dia de trabalho. Mas Não Joanne, ele estava livre, e estendido no chão, numa poça, achado por nada mais nada menos que uma dessas felizes senhoras chatas que todo mundo odeia, justamente por que acordam bem cedinho, pra observar a vida alheia. Ela avisou a sindica, aos berros. Ela estava ficando quase louca de tão chocante que foi, queria dar mais problema aos que estavam por perto do que o próprio cadáver. Dizia que ia ter um ataque, que tinha taquicardia, que era fraca, que afinal, merecia morrer com um tiro na testa naquele momento por querer roubar a cena de nosso personagem principal. Mas ela que se dane. Não importa o que aconteceu com o corpo, com o aglomerado, com aquele maldito condomínio, com aquelas malditas pessoas, pois assim pensava Joanne Lou, e assim pensaremos como ele. Ele enfim saiu de seu corpo sem sentir nada que um corpo físico pode sentir. Ele era um espírito mundano agora, com problema a resolver, por que abandonou seu dom de viver. Era malquisto no céu, e um banquete para o inferno. E quando os enormes portais de fogo e sofrimento se abriram diante dele ele gritou:
_ Eu não acredito em tudo isso!Fiquem com suas podres almas pecadoras! Eu não sou assim!
Ele gritou com tudo o que podia. Gritou como se ainda tivesse pulmões e quisesse destruí-los, mas nada doeu. Nem sua garganta, nem nada.
E as portas se fecharam e os o demônios e gritos fugiram espantados.
Foi então que logo em seguida um anjo do Senhor apareceu cercado de sua iluminação própria. Ele era muito belo mesmo, usava uma manto muito branco e tinha uma voz mais suave que uma manhã de primavera. Disse a Joanne que seu ato provava que queria se salvar, por isso vinha em nome do Senhor dizer a ele que poderia ter mais uma chance, poderia lhe devolver a vida e...
_ Então por que ele mesmo não vem me dizer isso? Não sou bom o suficiente, não? Pois mande ele enfiar essa vida onde quiser, você tem nariz. Pois bem. Que ele rasgue todo o destino traçado pra minha vida e enfie nos narizes mais angelicais do Paraíso!
O anjo sem se alterar disse ainda:
_ Vejo que você renega sua vida. Pois bem, podemos lhe purificar no purgatório, assim você se tornará uma alma pura, já que é isso que você quer. Então terá direito ao reino dos céus finalmente. Sua força de vontade alegra ao...
Usando do sorriso mais sarcástico que pode Joanne então disse com o tom mais vitorioso que conseguiu:
_ Você não vê? Você e esse Senhor não usam a infinita sabedoria? Ele me deu livre arbítrio, esqueceram? Ei! Você esqueceu, seu Deus imbecil?!
Eu não acredito em nada disso também! Quer me destruir agora? Quer que eu seja um espírito apegado as coisas do mundo? Que eu sofra por isso?
Vamos lá! Afinal a escolha é de quem? HUHAHHAHHaHhAHaHhAHaHhAHhAa – ele ria como se fosse explodir, nunca tinha sentido tanta felicidade, tanto triunfo – De quem é a escolha?
O anjo ficou pasmo. E começou a ficar transparente. Começou a falhar como um holograma. Ele estava morrendo. Cada vez que alguém não acredita há uma conseqüência. Um anjo morre, Deus se torna menos sólido, uma parte do paraíso cai, etc.
Joanne Lou então deu o golpe final.
_ Eu não acredito em NADA DISSO!!!
E esmurrou o anjo com os dois punhos. Um belo gancho de direita no estomago e um de esquerda no rosto. O anjo explodiu. Foi como se abrisse um cômodo cheio de luz na escuridão. Ele se foi.
Joanne era uma alma livre, uma mundana e maldita alma apegada a esta podre camada, este reino medíocre chamado Terra. Feito para testar pobres mortais que anseiam o perdão por seus atos egoístas e hedonistas e nada mais.
Porém ele podia ir onde quisesse, andar por onde quisesse, como e quando quisesse, sem comer, descansar, dormir ou temer. Nada podia detê-lo, poucos podiam vê-lo, ouvi-lo, mas ele... Ele podia observar a todos. Ele podia sentar no topo do lugar mais alto do mundo e observar o mundo sem sentir sua magoas, dores, tristezas e injustiças, sem sofrer suas doenças.
E a única coisa que ele prezava quando vivo viu que não valia, e ele sabia, nada perto do tinha agora. Amor. O amor é apenas um consolo, uma força que te faz continuar, ele não quis continuar. Agora ele tinha a liberdade. Agora... Ele gritou do topo daquele lugar: EU ACREDITO EM VOCÊ, FELICIDADE!!!

Quem disse que temos que estar vivos o tempo todo mesmo?

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Finais são bençãos ambivalentes.